«céu muito nublado»

dizia assim o meteorologista
apontando com a vara
para quilo que convictamente
intitulava de sistema frontal.
leigo em questões do tipo olhei o céu:
um acinzentado enjoativo cobria-o.
optando pela lei do menor esforço
olhei em frente:
um homem sem pés pedia a quem passava
uma coisa que chamava de compaixão.
um pouco mais à frente três crianças
sujas e semi-esfarrapadas
clamavam que a senhora caridade
lhe saciasse a fome alimentícia
pois a outra já ninguém lhe podia tirar
era doença hereditária.
voltei a fixar o céu:
realmente estava nublado.
o meteorologista tinha razão.
só foi pena que tivesse sido incompleto.





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