Em viagem

Parto como hei-de chegar: olhar porfiado
num horizonte imaginário, não irreal,
com as malas cheias de néctar
e um sonho na mão. Quem sabe,
um dia. Depois de chegar. Quem, sabe?

O percurso é longo, tão longo
que a náusea surge, incandescente.
O galope chama-se prosseguir. Mas,
não há voo que resista. Impaciência:
resquícios de uma viagem interrompida.

A paisagem muda, de novo.
E o céu, reparei, foi reconstruído.
Já não há futuro sombrio,
as nuvens afastaram-se,
e chegar é palavra de ordem.
Chegar. Depressa. É urgente chegar. Mas,
o comboio não tem asas.




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