Já não importam os dias



Não, já não importam as guerras,
nem a cumplicidade do silêncio imposto
com a overdose fatal dos nossos sonhos.
Estandartes levantados por mãos impróprias
também já não importam.

Já nem sequer importam as mãos
à procura das horas mágicas,
nem a ousadia transbordante dos segundos,
e as flores muito menos importam
porque é insuportável o seu odor.

Tão pouco importam os velhos sorrisos,
plenos de conveniência,
e a música monótona desta sinfonia
de autores duvidosos.
Os abraços que se percam, absortos,
porque já não importam.
Os beijos são inúteis, também
já não importam.

Já não importam os dias. Claros
ou escuros que eles sejam. Não importam.
Restam as noites brancas e esquecidas,
onde os orgasmos se repetem e a claridade
se recusa.
Para sempre.

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